Artigo da Revista "Nueva Electrónica"

    O artigo que seguidamente transcrevemos,  foi publicado na revista "Nueva Eletrónica" , edição portuguesa, Ano II - Nº 5 Janeiro/Fevereiro 1985.

    O artigo "Conheça o satélite Meteo-Sat", faz uma descrição bastante completa sobre o satélite meteorológico METEOSAT. 
    Durante a descrição, o autor refere-se a um projecto de um conversor, que ao que parece, foi publicado nesta revista ou numa outra revista  "Nueva Electrónica". Actualmente este receptor já não é necessário, basta utilizar o equipamento descrito na página anterior.
    Apesar disso, optamos por transcrever o artigo na integra mas as imagens referentes à descrição do funcionamento do receptor, por razões de "peso" da página, não foram carregadas.

    Por razões técnicas, não foi possível colocar todas as fotografias do satélite METEOSAT que pretendíamos, brevemente iremos faze-lo.


  CONHEÇA O SATÉLITE METEOSAT

    "Se há meia dúzia de anos nos tivessem perguntado quantos satélites rodavam à volta da Terra, seria fácil responder; o mesmo não acontece hoje, pois giram centenas na órbita terrestre, grandes e pequenos. São satélites americanos, japoneses, russos e europeus em geral, e desta quantidade é necessário, de vez em quando, retirar um, que deixou de girar, e fazê-lo regressar à Terra. Dias depois, muito secretamente outro mais aperfeiçoado irá substituí-lo, para desempenhar as mesmas funções.

Fig. 1 - Fotografia da Península Ibérica (CO2 da fig. 10). A azul o mar, a terra a castanho, com os contornos a branco. Vê-se em tons de branco, cinzento ou azulado o que pode corresponder a nuvens, nevoeiro ou neve.

 

    Entre tantos satélites, há os "espiões" que, passando em todos os territórios conseguem fazer o reconhecimento de instalações de mísseis, agrupamento de tropas, colunas de veículos e, ao que parece as suas telecâmaras são tão perfeitas que conseguem ler perfeitamente, a milhares e milhares de quilómetros de distância, a matricula de uma viatura.

    Sempre com objectivos militares, são lançados em órbita, satélites que controlam os mares ou capazes de reconhecer culturas de determinado território, isto é se se trata de gramíneas, de feijoeiros ou de trevos.

    Felizmente para nós, ainda existem os "pacifistas", como, por exemplo os satélites para as telecomunicações úteis para as ligações telefónicas com os países transoceânicos, ou para receber directamente imagens televisivas de qualquer continente; existem ainda satélites "meteorológicos" utilizados no estudo das condições do tempo, graças aos quais ‚ possível ver as perturbações de todo o globo terrestre, seguir o movimento dos tufões, localizar zonas poluídas, regiões atingidas pelas secas, etc., etc.

Fig. 8 - Todas as imagens captadas pelo Meteosat são enviadas a Darmstadt na Alemanha que, com elas, contorna os continentes, completando-as com as Cruzetas dos meridianos e paralelos. Executada esta operação a imagem é reenviada ao satélite que providencia a sua retransmissão aos utentes da Terra, frequência de 1,7Ghz. Em certas horas do dia, o Meteosat transmite para a Europa as imagens obtidas pelo satélite americano GOES-E.

 

    Ora bem, não sendo difícil captar as imagens dos satélites meteorológicos, através de um receptor sensível e, depois, transferi-las para o écran de um TV a cores, porque não fazê-lo? Ver em cada instante toda a terra, Oceano Atlântico, a África, a Europa ou somente Portugal, comodamente instalados na sala de estar e poder ainda aumentar tais imagens, para controlar de perto determinada zona, é assunto que interessa a todos.
    Na prática, é um pouco como encontrarmo-nos vestidos de astronautas, a bordo de um satélite provido de um potente telescópio direccionado para os lugares do nosso interesse. As mesmas zonas poderão ser vistas através de instrumentos sensíveis às radiações solares ao infravermelhos ou ao vapor de água, de maneira bem diferente ao da vista desarmada.

Fig. 2 - Foto da Europa e Norte de África (Ver D2 da fig. 9). Imagem de excelente qualidade. A esquerda, vê-se distintamente Portugal e o estreito de Gilbraltar. 

 

    O receptor que vos apresentamos ‚ capaz de receber as imagens transmitidas por todos os satélites meteorológicos, quer polares - que giram em torno dos pólos e cujas imagens só podem captadas 2 ou 3 vezes por dia( NOAAS...) - quer geoestacionários como o Meteosat que, lançado em órbita sobre o equador, gira … mesma velocidade da terra, pelo que as suas imagens podem ser captadas continuamente, 24 horas sobre 24.

    Graças ás imagens captadas por estes satélites, ser possível localizar mesmo as mais pequenas perturbações, estudar a sua evolução, a velocidade de deslocações, calcular com extrema precisão quanto tempo levar a passar pela nossa região e conhecer ainda, a sua direcção; poderão ver-se as zonas em que existe nevoeiro, se existe neve na montanha ou sol no mar. No Verão poderão localizar-se os temporais locais, muito frequentes nesta estação, saber portanto se o sol brilha por cima de nós se, pelo contrário, chove a cântaros a por exemplo 30km; nenhum boletim meteorológico ‚ capaz de fornecer estas informações, pois esses temporais são de tão breve duração que só interessam a zonas restritas e são, por isso, difíceis de prever.

    Quando tiverem um receptor, descobrirão como é fácil distinguir, pela tonalidade das cores e pelo seu contrate, uma nuvenzita "borrascona" da de uma anunciando um furacão ou ainda diferençar um nevoeiro de uma névoa.

    Através dos satélites Polares que giram na órbita terrestre em quotas baixas, cerca de 800/900 km, (0 METEOSAT a uma altitude de 36000km!) ‚ possível ver em pormenor e notavelmente aumentadas, vastas zonas de Portugal e da Europa; podem destrinçar-se rios, lagos e, quando tiverem adquirido um pouco de prática serão capazes de, ainda, ver as zonas onde neva, as poluídas, etc.. Alguns satélites são capazes de ampliar de tal maneira as imagens que conseguem fazer ver no écran televisivo uma superfície de somente 25 km2.

    Se um dia tiverem de ir ao Porto ou qualquer outro lugar, controlando a imagem através de um satélite, podem saber antecipadamente se nesta zona neva, e atrasar a viagem para o dia seguinte, depois de terem visto se a neve desaparecerá!

    No Verão, no mar, fazendo previsões sobre o tempo, poderão saber por quantos dias prolongarão as vossas férias ou se, pelo contrário, será melhor partir depressa devido à aproximação de uma perturbação consistente.

Fig. 3 - Foto da quadrícula D3 (Fig. 9). Foto espectacular em que dá para "sentir" a curvatura do nosso planeta.  

 

    Para os agricultores, ‚ muito útil prever dias de seca ou catástrofes temporais e, assim, preparar-se com tempo contra tais eventualidades. Ao programar-se uma viagem ao estrangeiro poderão conhecer as condições meteorológicas que encontrarão no destino, não só para os países europeus como para os outros de outros continentes. Por exemplo, quando lerem num jornal que o furacão X flagela as costas da América e vós, comodamente instalados defronte de um aparelho de TV, poderão ver as dimensões desse furacão, estabelecer em que direcção prossegue e antevê-lo a dissolver-se.

    Os exemplos que até agora vimos apresentando bastarão, por si só, para se darem cota da grande utilidade de disporem, em casa, de um receptor capaz de captar e transmitir as imagens recebidas dos satélites meteorológicos.

 

  ALGUMAS INFORMAÇÕES

    Existem presentemente, em torno do globo terrestre 5 satélites meteorológicos, geoestacionários, colocados nas posições assinaladas na fig. 4 e 7:

Nome
Nacionalidade
Posição
A - GOES-W
USS
185º W
B - GOES-E
USS
75º W
C - METEOSAT
EUROPEIA
0º E
D - GOMS
URSS
70º E
E - GMS
JAPONESA
140º E

 

Fig. 4 - Os cinco satélites meteorológicos geoestacionários encontram-se colocados em tormo do Equador, como se vê neste desenho. Os satélites polares giram em torno dos pólos e passam sobre Portugal 3 vezes por dia.

 

Fig. 7 - Neste desenho assinalamos as posições dos cinco satélites geoestacionários. No Oceano Pacífico  encontramos o GOES-W (A), na Colômbia o GOES-E (B), no Golfo da Guiné o METEOSAT (C), no Oceano Índico o GOES (D) e na Nova-Guiné o GMS (E). No contorno oval as zonas foram obtidas do satélite Meteosat.

    O METEOSAT, o único que de momento nos interessa, está colocado no Oceano Atlântico sobre o Equador, em conjunção com o meridiano de Greenwich a uma altitude de cerca de 36000km. Os seus sinais são captados em toda a Europa, África, Canadá, Brasil e Argentina, isto é, todas as zonas visíveis na fig. 9. As imagens obtidas foram enviadas … terra através de dois transmissores em FM, de cerca de 60W, em dois canais:

Canal 1 = 1694.5 MHZ (transmissão contínua)
Canal 2 = 1691.0 MHZ (transmissão alterna)

    O sinal de vídeo modulada em AM, em banda dupla lateral, uma subportadora a 2400Hz utilizada para modular em FM, a frequência de 1.7Ghz.
    Antes de cada imagem ouve-se um sinal de START a 300 Hz, com a duração de 3 segundos; depois, um sinal de FASE de 5 segundos, seguindo-se-lhe então a IMAGEM que dura 200 segundos; finalmente surge o sinal STOP, na frequência de 450 Hz, e durante outros 5 segundos.
    O formato transmitido é o de um WEFAX, modificado por 800 pixel por linhas (800 pontos por linha), num total de 800 linhas verticais.
    Como um televisor só pode conter no seu ‚ écran 512 linhas verticais, a imagem - partindo do alto para baixo - uma vez atingida as primeiras 512 linhas ficar fora do écran, e também as 288 linhas que faltam. O comando, que dever estar presente no conversor de TV, permitir bloquear o écran na posição desejada, isto ‚, nas primeiras 512 linhas ou então da linha 100 até 612 ou ainda da 200.ª até à 712.ª, etc., etc..
        O satélite mostra 800 pontos por cada linha, que com base na sua totalidade, permitem dar forma, no écran da TV, a uma imagem de alta precisão. Graças à utilização de um microprocessador é possível mostrar cerca de 1.143 pontos por linha em vez de 800 e, como um écran de TV não suporta mais de 256 pontos por linha, será possível representa, sempre através do microprocessador, o seguinte:

1 - Uma imagem total, isto é, o CPU forma, por cada 4,5 pontos mostrados, um grupo que se representa no écran do TV como um só ponto. Na verdade, 1.143:253=4,5.

2 - Uma imagem ampliada 2 vezes: o CPU forma grupos por cada 2 pontos amostrados e projecta-os no écran da TV, como se fosse um só.

3 - Imagens ampliadas 4 vezes: neste formato tem-se o tamanho máximo pois, cada ponto amostrado é projectado no écran da TV.

    Na totalidade cinzenta o satélite assinala 256 níveis. No nosso primeiro protótipo conseguíamos visualizar só 128 e já nos considerávamos muito satisfeitos; depois, adaptando ao circuito novas alterações, aperfeiçoámo-lo conseguindo visualizar todos os 256 níveis, contra os 64 que oferecem os modelos de conversores que já vimos e verificámos.

 

  TABELA DE RECEPCÇÕES

    Nas tabelas indicamos as imagens que aparecerão no écran da TV, nas 24 horas do dias, no CANAL 1.

    Na primeira linha ao alto indicam-se as horas LEGAIS e na linha abaixo as horas SOLARES; na primeira coluna, à esquerda, indicam-se os MINUTOS, pelo que na intersecção da linha com a coluna encontrarão dados como por exemplo E1 - D3 - CO2 - TEST0 - TEST4, etc., que se referem aos quadros de recepção assinalados nas figs. 9 e 10.

min.
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
LEGALE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
SOLARE
02
E3
D3
D3
E7
E3
C8D
C2D
C8D
06
E8
C3D
C9D
C3D
C9D
10
E9
C4D
C4D
14
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
18
D1
D1
D1
D1
D1
D1
CO2
CO2
CO2
22
D3
D3
D3
D3
D3
D3
C03
CO3
CO3
CO3
26
D4
TG
D4
E1
MM
D1
C5D
TM
D1
C5D
MM
30
D5
D5
E2
D3
C6D
D3
C6D
34
D6

D6
E3
D4
D7
D4
D7
38
E4
D5
D8
D5
D8
42
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
46
D7
D1
D1
D7
D1
D1
CO2
CO2
CO2
50
D8
D3
D3
D8
D3
D3
CO3
CO3
CO3
CO3
54
D9
D9
E5
E1
D6
D9
TM
D6
D9
E1
58
D1
D1
E6
E2
C7D
TM
C1D
C7D
E2
    Consultando esta tabela, podemos saber que imagens se podem captar de manhã, à hora legal e solar. Interceptando a linha dos minutos (esquerda) com a coluna das horas, saberemos qual a quadrícula que aparecerá no vídeo (fig 9-10)
min.
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
LEGALE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
SOLARE
02
E3
D3
D3
E7
E3
C8D
C2D
C8D
06
E8
C3D
C9D
C3D
C9D
10
E9
C4D
C4D
14
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
18
D1
D1
D1
D1
D1
D1
CO2
CO2
CO2
22
D3
D3
D3
D3
D3
D3
C03
CO3
CO3
CO3
26
D4
TG
D4
E1
MM
D1
C5D
TM
D1
C5D
MM
30
D5
D5
E2
D3
C6D
D3
C6D
34
D6

D6
E3
D4
D7
D4
D7
38
E4
D5
D8
D5
D8
42
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
D2
46
D7
D1
D1
D7
D1
D1
CO2
CO2
CO2
50
D8
D3
D3
D8
D3
D3
CO3
CO3
CO3
CO3
54
D9
D9
E5
E1
D6
D9
TM
D6
D9
E1
58
D1
D1
E6
E2
C7D
TM
C1D
C7D
E2

    Desta segunda tabela podemos saber quais as imagens que se podem captar depois do meio-dia. Na primeira coluna, ao alto, indica-se a hora legal e na de baixo a hora solar. Os espaços assinalados com asterisco, indicam que a essa hora o Meteosat não transmite; Os espaços assinalados com TG, que aparecerá um teste com 32 níveis de cinzento, com TM um monoscópio, e MM que a mensagem poderá aparecer em inglês.

 

Fig. 9 - O satélite Meteosat transmite 24 horas sobre 24, sbdividindo o hemisfério em 9 quadrículas.

 

C = VISÍVEL

D = INFRAVERMELHO

E = VAPOR DE ÁGUA

Fig. 10 - Em certas horas do dia, o Meteosat trnsmite em CO2, a Espanha, parte da França, Irlanda e Inglaterra, ampliadas duas vezes e em CO3, a Itália, a Alemanha, a Suécia e a Noruega, também  ampliadas duas vezes.

 

C = VISÍVEL

    Todos os dados iniciados por C, representam imagens normais obtidas no espectro do visível (luz branca). As melhores imagens são as obtidas no Verão, dada a maior luminosidade da Terra. As imagens CO2 (fig. 10) assinalam a Península Ibérica e a Inglaterra, a CO3, a Itália, França, Alemanha, Suíça, Jugoslávia, Grécia, etc.
    Nos formatos CO2 e CO3 cada ponto da imagem, ampliado 4 vezes, corresponde a 2,5km2. As imagens indicadas C1D - C2D - C3D, etc., são sempre obtidas no visível subdividindo o hemisfério em 9 quadrículas, como se indica na figura 9.
    Em C2D é possível ver todo o Norte de África e a Europa, em C4D, parte do Brasil e da Argentina, em C3D, a Grécia, a Turquia, o Mar Negro, o Mar Cáspio, o Mar Vermelho e a Arábia.

 

D = INFRAVERMELHO

    As zonas D representam imgens observadas com aparelhos sensíveis às radiações infravermelhas. Com 256 tonalidades de cinzento, que no nosso "vídeo-conversor" são modificadas em diversas tonalidades de cores, é possível discriminar a altitude e a consistência das perturbações.
    As nuvens mais altas aparecem brancas ou ligeiramente azuladas (cor que pode ser modificada para amarelo ou vermelho). As menos frias, cinzento-azuladas, as nuvens quentes, cinzento-rosa, os desertos, zonas obviamente muito quentes, aparecerão nas cores negra ou azul-escura.
As zonas D estão subdivididas em 9 quadrículas (fig. 9) e, tal como para a visível, numa ampliação 4 vezes mais, um ponto equivale a uma extensão de 2,5 km2.
    Agora a que respeita a Portugal é a D2 e pode-se receber de hora a hora, no 14º e 42º minutos.

 

E = VAPOR DE ÁGUA

    As zonas E representam imagens do vapor de água existente no globo terrestre.
    Normalmente as áreas brancas são zonas de baixa temperatura e de grande humidade, por isso quanto mais azul, rosa e negro se converte a tonalidade branca, menor será o nível de humidade.
    Estas zonas (E) encontram-se divididas em 9 quadrículas (fig. 9) e um ponto equivale, sempre ampliado 4 vezes, a uma extensão de 2,5km2.
    A zona E que diz respeito a Portugal está assinalada por E2.

 

TEST

    Em certas horas do dia (9.26h - 9.54 - 15.26 - 21.26) o satélite transmite TESTES e, por vezes também, comunicações relativas às imagens, alterações de horários das transmissões, etc. As imagens destes testes, diferentemente das imagens meteorológicas, aparecem invertidas no vídeo, pelo que é necessário mexer no desviador existente no conversor, tirando-o da posição NORMAL para a posição REVERSE.

Imagem de teste - Escala de cinzentos
Mensagens difundidas regularmente


    Em teste TM, aparece no vídeo um microscópio. Em test TG aparece um quadro dos níveis de cinzento que, partindo do Negro (nível 0) em intervalos de 8 níveis, isto é, 0-8-16-24-32-40, etc., atingirá o Branco que corresponde aos 256.º nível.

ATENÇÃO

    Muitos leitores, ao verem no écran TV somente os 32 níveis do TEST poderão pensar que estes coincidem com a precisão da imagem. Só se vêem 32 níveis de cinzento, porque o satélite, do tal TEST só transmite 32. Como explicámos anteriormente, na prática, os níveis são em número de 256.

 

CANAL 2

    No canal 2 as transmissões não são contínuas, como no CANAL 1; mas mesmo assim, é possível captar o globo inteiro nas três versões, como assinalado na pág.10:

 

MUNDO C - filmagens no visível
MUNDO D - filmagens no INFRAVERMELHO
MUNDO E - filmagens no VAPOR DE ÁGUA

    Neste canal é ainda possível ver-se o outro hemisfério, isto é, a América do Norte e do Sul, que o satélite USA GOES-E (nem sempre) retransmite ao METEOSAT, para a Europa.

LEGALE
SOLARE
IMMAGINE
02.06
02.10
01.06
01.10

LY47 NORD-AMERICA

LR47 SUD-AMERICA

02.30
05.30
01.30
04.30

MONDO D

MONDO D

08.10
08.14
07.10
07.14

LY11

LR11

08.30
08.34
07.30
07.34

MONDO D

MONDO E

11.30
11.34
10.30
10.34

MONDO D

MONDO E

11.38
14.06
10.38
13.06

MONDO C

LY23

14.10
14.30
13.10
13.30

LR23

MONDO D

14.34
14.38
13.34
13.38

MONDO E

MONDO C

17.30
17.34
16.30
16.34

MONDO D

MONDO E

17.38
20.06
16.38
19.06

MONDO C

LY35

20.10
20.30
19.10
19.30

LR35

MONDO D

23.30
22.30
MONDO D

 

AS IMAGENS

    Como verão, todas os Continentes filmados pelo METEOSAT são contornados por um tracejado, enquanto que as cruzetas visíveis em várias partes das imagens são a conjugação dos meridianos e dos paralelos. No alto e, por baixo dos sectores aparecerão escritas como, por exemplo:

MET2 10 APR 1984 - 1210 IRI D2

    As primeiras letras indicam o tipo de satélite que obtém a imagem; os números a seguir assinalam o dia, o mês e o ano da filmagem; depois vêm a hora e os minutos respectivos (TMG), pelo que a hora solar será com uma diferença de 1 hora. Finalmente, indica-se a filmagem foi no Vísivel (VIS), no Infravermelho (IRI) ou em Vapor de Água (WS) e depois a zona do hemisfério transmitido CO2-D2 (fig. 9 e 10).

    É importante assinalar que a hora e os minutos são os da filmagem do satélite e não os da transmissão à Terra, isto é, o satélite pode memorizar a imagem às 12.20 e transmiti-la à Terra às 12.42. Deste modo, ser-vos-á fácil constatar que os tempos assinalados na tabela da pág. 8, são absolutamente preciosos, tanto para poderem ser utilizados para acertar o relógio ou controlar temporizadores; por isso, será necessário utilizar os tempos da tabela e não os indicamos no quadro da imagem.

    De notar, finalmente, que a imagem captada pelo satélite é imediatamente transmitida à E.S.O.C. (European Space Operations Centre - Centro de Operações do Espaço Europeu) em DARMSTADT na Alemanha; aqui, a imagem vem sobreposta, através de um computador, por contornos nos Continentes (caso contrário seria impossível individualizar zonas cobertas totalmente de bancos nebulosos), e pelas cruzetas dos paralelos e dos meridianos. Só depois é que a imagem é reenviada ao satélite que providencia a sua retransmissão em 1,7 Ghz, para os utentes da Terra.

 

É BOM SABER QUE:

    Foi constatado que quase todos os sistemas de conversão, disponíveis, para visualizar as imagens transmitidas pelos satélites aos écrans da TV, perdem características, por um motivo bastante simples.
    A imagem transmitida pelo satélite é composta por 800 linhas horizontais e, cada linha é por sua vez composta por 800 pixel, que, para melhor compreensão chamaremos PONTOS. Assim, uma imagem completa, transmitida por um satélite, é composta por:

800 x 800 = 640.000 PONTOS

    Ora bem, para se obter uma imagem definida, é necessário obter no écran todos estes 640.000 PONTOS. Na prática, o máximo que um écran da TV pode aceitar na VERTICAL é de 512 LINHAS interligadas e, por cada linha, só é possível inserir 256 PONTOS. Por isso, para ver toda a imagem transmitida pelo satélite, seriam necessários quatro televisores na horizontal e quatro na vertical. Para forçar a entrada dos 800 PONTOS por linha, utiliza-se normalmente um sistema que, na nossa opinião, e como vós próprios podereis ajuizar, não é de todo válido. Com efeito, dos 800 PONTOS presentes numa linha, só um terço é memorizado (800:3=266,6 PONTOS) - fig. 11. Como um écran não aceita mais de 256 pontos, é inevitável que 266-256=10 pontos sejam apartados, ou do lado direito ou do esquerdo do écran. Considerando, por outro lado que na vertical, não é possível aceitar-se mais que 512 linhas, o écran vem no máximo, representado por:

512 x 256 = 131.072 PONTOS

    Na realidade os conversores vídeo só conseguem representar 32.768 pontos ou, no máximo 65.536 pontos. No primeiro caso, perdem-se 98.304 pontos por imagem, no segundo 65.536. Portanto, depois de já se terem perdido na horizontal em cada 2 em cada 3 pontos, perdem-se ainda 256 linhas verticais. E isto porque as linhas verticais não vêm interligadas. Como sabem, uma imagem num écran da TV, forma-se através de:

1.º - todas as linhas pares: 0-2-4-6-8, etc., até à 256.ª.

2.º - todas as linhas ímpares: 1-3-5-7-9, etc., até à 256.ª.

    Sobrepondo as linhas pares e ímpares, obtém-se uma imagem formada por um total de 512 linhas, pelo que, se não se utilizar uma "scansione" interligada, perdem-se todas as informações presentes em cada uma das linhas pares ou ímpares; por isso perdem-se todos os pontos presentes nessa tal linha.
    Se não interligamos os pontos da imagem, não é possível AMPLIÁ-LA, pois, mesmo que quiséssemos, a silhueta resultaria imperfeita pois que no écran, numa ampliação 2 vezes mais, só os pontos seriam ampliados e teríamos assim, 32.768 pontos contra 131.072 que se poderiam representar.
    Para obstar a este incoveniente será necessário abandonar os circuitos clássicos até agora utilizados e idealizar um, tecnicamente mais avançado: é o que se faz utilizando um MICROPROCESSADOR.
    Utilizando um CPU torna-se muito mais fácil elaborar um sinal vídeo, sincronizar a imagem, efectuar ampliações, etc., e, tudo isto, sem perder um único ponto.
    No nosso conversor, o sinal captado do satélite vem desmodulado em amplitude, retirando assim o sinal VÍDEO DA IMAGEM (fig. 13), isto é, um sinal que varia em amplitude, cujos picos superiores correspondem ao BRANCO e os inferiores ao NEGRO, enquanto que os outros níveis intermédios são TONALIDADES DO CINZA. Este sinal é aplicado a um conversor ANALÓGICO/DIGITAL e cada linha, em vez de ser decomposta em 800 pontos - para se obter uma maior nitídez - é decomposta em 1.200 pontos (incluindo os de sincronismo). Todos estes pontos evidenciados (fig. 14) são pontos em MEMÓRIA e daí conduzidos, de modo a serem inseridos num conversor DIGITAL/ANALÓGICO, para novamente se obter um sinal vídeo, necessário para modular um oscilador UHF que pode ser adaptado a qualquer televisor a cores.
    Como já foi anteriormente dito, não é possível representar num écran TV mais de 256 pontos por linha. Então será válido interrogarmo-nos por que motivo decomopusemos a linha em 1.200 pontos, quando teria sido mais lógico decompô-la em 256 pontos? Ora bem, dos 1.200 pontos por linha, existem 57 relativos ao sincronismo de linha que o CPU ignora, por isso, restam para a imagem, 1.143 pontos. O conversor possui um comando que possibilita ao microcomputador a obtenção, no écran TV, de 8 formatos de imagem, como segue:

0 = Formato da imagem inteira
1 = Formato ampliado 2 vezes, do lado direito
2 = Formato ampliado 2 vezes, no centro da imagem
3 = Formato ampliado 2 vezes, do lado esquerdo
4 = Formato ampliado 4 vezes, do lado direito
5 = Formato ampliado 4 vezes, do lado centro-direito
6 = Formato ampliado 4 vezes, do lado centro-esquerdo
7 = Formato ampliado 4 vezes, do lado esquerdo
8 = Formato total, como o n.º 0
9 = Formato ampliado 2 vezes, como o n.º 2

    No formato 0 o computador confronta as informações presentes nos 4,5 pontos (correspondentes a 3 pontos, se a linha tivesse sido decomposta em 800 pontos), faz uma MÉDIA de nível e recompõe tudo, num só PONTO (fig.12). Com efeito.

1.143:4,5 = 254 pontos por linha

    Isto é, não consideramos a tonalidade do primeiro ponto - como nos sistemas tradicionais - ignorando os seguintes, mas, a partir de 4,5 pontos (correspondentes a 3 pontos em 800), retiramos um valor médio.
    Nos formatos 1, 2 e 3, isto é, com uma ampliação 2, o computador confronta as informações presentes em dois pontos, tira uma MÉDIA DE NÍVEL e retransmite um único ponto. Seleccionando o semiquadrado da esquerda, memoriza-se tudo, do ponto 1 ao ponto 571; seleccionando o quadrado central, do ponto 286 ao ponto 857 e por outro lado o quadrado da direita, memoriza-se tudo, do ponto 572 ao 1.143. Como a imagem vem ampliada duas vezes, obtemos uma melhor nitidez do que se obteria com a imagem em tamanho natural. Nos formatos 4 a 7, isto é, com uma ampliação 4, obtém-se a MÁXIMA nitidez, pois encontram-se visualizados no écran TV, todos os PONTOS presentes em cada linha. O CPU, por cada ampliação na horizontal, para evitar deformações de imagens, aumenta 2 e 4 vezes o tamanho vertical e interliga as linhas pares com as ímpares, a fim de se não perder qualquer ponto. Assim, no écran estarão presentes.

256 pontos x 512 linhas = 131.072 pontos

    Como na vertical, o satélite decompõe a imagem em 800 linhas e, o écran da TV só pode receber 512, conforme já assinalado, enquanto a imagem diminui no écran, linha por linha, até atingir as 800 linhas, podemos - com auxílio do comando STOP - parar o quadro na posição que mais nos interessar. Por exemplo, quando o satélite transmite, os quadrados D2-C2-E2, começam por abranger a Nigéria e o Chade, e ao descerem loclizam a Líbia, a Argélia e depois a Europa. Como só nos interessa a parte correspondente a Portugal, deixamos desaparecer a Nigéria e o Chade, bloqueando a imagem quando, no centro do écran, aparecer o centro da Europa, que inclui Portugal.
    Dos 640.000 pontos em que se decompõe a imagem total do satélite, com uma ampliação 4, não se perde, na prática, qualquer ponto e, como não é possível fazê-los reentrar no écran, EXPLORAREMOS SOMENTE, O SECTOR QUE NOS INTERESSA.
    Mesmo quando, através de um registador normal de fita, se memoriza a imagem captada do satélite, ficam sempre registados os 640.000 pontos; competirá ao microprocessador em função, no formato previamente escolhido, representá-la, sector por sector e, sempre na sua nitidez. Com a interligação das linhas, não se perdem quaisquer informações; por isso, por mais pequeno que seja o ponto - uma ilha ou um lago, por exemplo - virá sempre representado no écran. O único inconveniente, se é que isto o seja, é existir na Imagem Natural (formato 0), um ligeiro relampejar das CRUZETAS, que indicam a conjungação dos meridianos com os paralelos e, dos contornos artificiais, que delimitam os continentes, os lagos e as ilhas sobre-inseridas na imagem captada do satélite pelo computador de DARMSTADT.

    Como ninguém vê a TV à distância de 30 cm, mas sim entre 2/3 metros, tal relampejar, que mal se vê, serve para melhor se distinguir a Terra das Nuvens.

    Quem quer que confronte o nosso CONVERSOR-VÍDEO com outro NÃO INTERLIGADO, cujos contornos não relampejam - mas que, no entanto perdem uma linha sim outra não - poderá criticar este inconveniente (observando as imagens transmitidas directamente pela RTP ou TVE constatarão que este relampejar de inteligação é muito mais acentuado) e, afirmar que existe um defeito que, na prática não existe, pois deriva do esvair lento da imagem.

    Por esse motivo inserimos um interruptor para ELIMINAR ou fazer surgir, a gosto, a INTERLIGAÇÃO DA IMAGEM. Cortando a interligação, as cruzetas e os contornos deixarão de relampejar, mas confrontando as imagens verificarão que a nitidez piora. Com efeito, os contornos presentes na linha, desaparecerão e, conjuntamente, parte das cruzetas, pelo que as nuvens perderão a sua nitidez e assim obterão uma semi-imagem que não é exactamente a que foi obtida do satélite.
    Este ligeiro relampejar apresenta-se somente no formato 0 (natural) isto é, quando o computador tirando a MÉDIA de cada 4,5 pontos, os converte num único, enquanto que nas outras imagens , ampliadas 2 ou 4 vezes, não se nota, pois no vídeo, um ponto ocupa 2 linhas uma PAR e outra ÍMPAR.

Cor

    Todos os satélites fotografam e retransmitem as imagens a preto e branco; para se poder ver a cores, basta converter os diversos niveis de cinzento, nas cores correspondentes.

    Nos primeiros protótipos, havíamos feito uma conversão digital, assinalando em cada nível, uma cor particular, mas, esta solução não nos satisfez por dois motivos:

1.º - A cor assinalada não poderia ser alterada, pelo que, se no infravermelho se podiam obter imagens muito contrastadas, quando a imagem era transmitida ao natural, as cores resultavam muito atenuadas.

2.º - Não podendo modificar a tonalidade da cor em função ao nível do cinzento, seria difícil assinalar um floco de neve, pois o olho humano tem dificuldade em distinguir uma cor idêndica, que resulte ligeiramente mais clara ou mais escura."


 

 


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 Página "Artigo da Revista «Nueva Electrónica»" actualizada em: 16-11-2002
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